The Grey (A Presa)

Após o fracasso crítico de The A-Team em 2010, Joe Carnahan tentou procurar uma escapatória e moderar o seu estilo de realizador de filmes de acção non stop, para algo mais modesto e humilde. The Grey, um filme que conta a história de Ottway, um caçador experiente que trabalha na segurança de uma petrolífera que perdera recentemente a sua esposa e que nunca parece superar esse tão grande problema, é o novo filme do realizador. De volta a casa, o avião despenha-se na paisagem alaskiana e Ottway, juntamente com mais oito trabalhadores, tentam sobreviver às condições agrestes do meio selvagem, incluindo uma alcateia de lobos que os caçam incessantemente.

Crítica: Para protagonista, Carnahan escolheu Liam Neeson, com quem já tinha trabalhado em The A-Team, Neeson tem aqui inquestionavelmente uma das suas melhores performances, encarnando um homem amargurado e envolto em memórias de um amor perdido que o assombra durante toda a película. Neeson é fantástico em captar toda esta essência humana de perder um ente querido, uma vez que perdeu a sua esposa verdadeira Natasha Richardson em 2009, cerca de um ano antes de começar a gravar este filme. É com grande carinho e ternura que nos afeiçoamos a este personagem a quem a vida não foi propriamente fácil. Ottway é, portanto, uma forma de Neeson se exprimir face a esse problema real e que podemos ver em inúmeros momentos de toda a película.

The Grey é um filme intenso, crú, que nos leva até aos confins do mundo onde ainda temos de lutar pela nossa sobrevivência.

The Grey é um filme intenso, crú, que nos leva até aos confins do mundo onde ainda temos de lutar pela nossa sobrevivência. Carnahan, apesar de ter crescido e tratado do filme com mais maturidade, não se desprende da necessidade de criar momentos de adrenalina, ainda que moderados. E esta tentativa não é de todo fracassada, os momentos de tensão de The Grey giram em torno das perseguições entre a alcateia de lobos e os sobreviventes do acidente, que nos acabam por arrepiar só de ouvir os uivos durante as partes nocturnas do filme. Pode-se dizer que os lobos são apenas um elemento que confere uma reviravolta soberba para o personagem principal que, no início o vemos como um homem que não tem forças para viver, tanto que se tenta suicidar a um determinado momento e que agora luta incessantemente para permanecer vivo.

Apesar de o elenco secundário ser apenas algo para aumentar a duração da película, uma vez que quase todos os momentos cruciais e mais intensos advêm da personagem de Neeson, não deixa de ser interessante a maneira como eles simbolizam todo o medo do desconhecido, medo de tudo aquilo que o ser humano não pode controlar, sejam as forças meteorológicas da paisagem do Alaska, sejam os animais selvagens que nela habitam.

É um filme para adultos, selvagem no verdadeiro sentido da palavra e que nos faz reflectir sobre a nossa própria vida.

Mas há que admitir que além da soberba fotografia e dos diálogos catchy, The Grey é um filme para adultos, selvagem no verdadeiro sentido da palavra e que nos faz reflectir sobre a nossa própria vida, nos nossos dramas internos, das nossas memórias de alguém que perdemos, mas também de tudo aquilo que nos faz agarrar a ela, de todos os obstáculos que ela nos traz e da força que temos para os contornar e lutar por este bem que é único.

Título Original: “The Grey” (2011)
Realização: Joe Carnahan
Argumento: Joe Carnahan, Ian Mackenzie Jeffers
Actores: Liam Neeson, Dermot Mulroney, Frank Grillo
Género: Ação, Aventura, Drama
Avaliação: 7 out of 10 stars (7 / 10)

André Ramalho

Sou um apaixonado por filmes e cinema, e por isso resolvi criar este blog, com o intuito de partilhar as minhas opiniões e críticas sobre filmes.

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